Caro amigo José Niza
Exmo. Senhor Mandatário Distrital da Candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República
Registo o anúncio da minha morte política.
Primeiro, uma dúvida:
Quem assina a certidão de óbito? O meu amigo José Niza ou o Mandatário Distrital da Candidatura de Manuel Alegre? É que não me lembro de Manuel Alegre ter anunciado a sua candidatura. É excesso de zelo ou é mesmo a candidatura (que ainda não é…) a assinar a declaração e o anúncio da minha morte? Para mim faz toda a diferença: se é o meu amigo interpreto como um estado de alma e não me preocupo; se é a candidatura de Manuel Alegre fico preocupado, nunca sei quando na próxima esquina, ou no próximo telhado, não terei um sniper a afinar a mira para poder consumar e convocar o funeral anunciado. Todavia o meu amigo assina pelos dois, acumulando funções…
Segundo, o conteúdo das minhas declarações à Lusa:
Disse tudo o que lá está. Mas foi uma declaração pelo telefone e de improviso. Terei dito, ou penso que terei dito, que “depois do 25 de Abril”, Manuel Alegre não terá tido causas e se terá limitado ao assento parlamentar. O que o meu amigo, ou o Mandatário Distrital de Manuel Alegre, confirma no seu anúncio. De facto, para falar da causas de Manuel Alegre o meu amigo tem que fazer arqueologia política e recuar… 36 anos! Tem que recuar a “antes do 25 de Abril”. Sim, isso eu reconheço. Aliás disse que Manuel Alegre é uma “referência do passado”. Sim, é. Ponto final
Terceiro, o que é importante:
Para lá do resto (e podia falar e não falei das rasteiras que nos últimos quatro ou cinco anos o Senhor andou a fazer ao Governo, ao Primeiro Ministro e ao PS, e do que isso pode anunciar como comportamento futuro, se … ), é o futuro. E o meu voto para as Presidenciais é para alguém que possa figurar o futuro, encarnar a possibilidades de futuro, os valores e os caminhos de futuro. É disso que Portugal e cada um de nós precisa, não de derramar incenso sobre o passado.
Se o meu critério fosse o de pagar em votos pelos custos do passado e da luta contra a ditadura, então seria para sempre incondicional de Mário Soares ou de Álvaro Cunhal e do PCP. Com o devido respeito.
Quarto, para (não) concluir:
De resto, como diz o outro, qualquer anúncio antecipado da minha morte é obviamente verdadeiro.
Só espero que me faça o favor de informar antecipadamente o dia, a hora e o local do funeral. Para eu comparecer.
(Bolas, amigo Niza: a ditadura é que ameaçava e pagava com o apagamento e a morte. Simbólica e física. Mas isso era a ditadura, a PIDE e isso…).
in O Mirante on line 28.04.10
Caro Nelson não podia estar mais de acordo com a sua posição e com a resposta ao Sr. José Niza. Está claro que não podemos andar a vida toda a recolher os louros de algo que fizemos mas que já há muito pertencem ao passado. Falar de ética e politicamente correcto e depois rematar com suicídio político é que não me parece o mais adequado. Julgo que é preciso mais do que a emissão de uma opinião e tomada de posição no apoio a um candidato às presidências para perder credibilidade perante os eleitores. De políticos está o Mundo cheio e não me parece que muitos deles tenham credibilidade perante o eleitorado e acima de tudo que lutem por um Portugal melhor e não pensem só nos “jobs” que podem vir a ter por bom comportamento. Reconheço no Nelson capacidade para não precisar da “máquina partidária” caso lhe voltem as costas mais uma vez, pela posição agora tomada.
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