Duas Margens

BEM VINDO ÀS DUAS MARGENS

Espero que possamos partilhar a vontade de construir pontes e passagens, certos de que todas a pontes e passagens têm pelo menos 2 entradas e que todas as entradas são também saídas. Às vezes não importa tanto onde entramos e por onde saímos, mas o que no percurso fazemos juntos.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O MUNDO PULA E AVANÇA

1. Às vezes é preciso um olhar micro.
Às vezes precisamos de um olhar macro.
Agora acho que precisamos de um olhar macro: ver a História de longe, ver um ciclo histórico longo. Apenas para compreender melhor. E agir melhor.

2. Há 500 a Europa (Atlântica) iniciou um ciclo de domínio mundial.
Construíu impérios, controlou recursos, hegemonizou mercados - prosperou, enriqueceu, definiu um modo de vida.

3. O Séc XX demoliu tudo.
Pôs fim aos impérios europeus no mundo.
Acabou com o controlo europeu sobre os recursos mundiais.
Acabou com o domínio europeu dos mercados.
Deu acesso de imensos países (Ásia, África, América Latina) à sua própria independência.
E ... afirmou os EUA como a superpotência global.

4. Consequências:

4.1. A economia europeia entrou em perda de competitividade e, sem o domínio dos recursos e dos mercados que os impérios lha haviam assegurado, necessita de novo modelo de desenvolvimento e de crescimento para criar a riqueza de que precisa.

4.1.1. A Europa lançou em 2000 a nova Agenda de Lisboa, para se tornar em 10 anos a economia baseada no conhecimento mais competitiva do mundo.

4.1.2. A Europa lança agora a nova estratégia Europa 2020 para ...


4.2.A Europa usou de modo acrescido e descontrolado o défice e a dívida para financiar o seu modo de vida.

4.2.1. A Europa acabou por ter de fixar limites ao défice (3% PIB).

4.2.2. A Europa acabou por recomendar limite à dívida pública (60% PIB).

5. Quer as estratégias para a competitividade, quer os limites para o défice e a dívida falharam.

6. A Europa está em dificuldades, em decadência, em declínio.

7. A Europa, e Portugal na Europa, e os governos e os partidos e as associações empresariais e os sindicatos e as universidades e ... têm um conjunto de problemas pela frente.

7.1. De política orçamental: conter e reduzir o défice e a dívida.

7.1.1. Quanto à dívida se calhar mais importante que o limite é clarificar a natureza da dívida e impedir a dívida "má" (a dívida para financiar despesas correntes e de funcionamento do Estado).

7.2. De política económica para a competitividade

7.2.1. Que modelo? que estratégias? A) Reduzir o custo do trabalho? B)Promover antes a qualificação das pessoas e das instituições, do Estado e das empresas, dos níveis de organização. de eficiência, de eficácia, de uma cultura centrada nos resultados?

7.3. De política social

7.3.1. O Estado, as funções do Estado, o Estado Social, a sustentabilidade

7.3.2. A reforma do Estado: a reforma territorial, a reforma vocacional e funcional, a reforma cultural (definição, cumprimento e avaliação de resultados), ...

7.4.de política democrática

7.4.1. Assistimos a um progressivo, radical e dramático distanciamento, não adesão, não consentimento, contestação dos cidadãos em relação às política públicas.

7.4.2. Erosão da legitimidade democrática e da relação (central em democracia) entre representados e representantes, entre entre eleitores e eleitos, entre Sociedade e Estado.

7.4.3. Como reorganizar os partidos e valorizar a sua função?
7.4.4. Como valorizar a função de Representação e a identificação/apropriação pelos cidadãos do universo da política?

7.5. De cultura política

7.5.1. Sobretudo em Portugal: o debate político é quase exclusivamente centrado na afirmação da diferença, do diferendo, da contradição, da conflitualidade (e a diferença e a contradição são essenciais à democracia: sem elas não haveria possibilidade de todos e cada um de nós se poder identificar e reconhecer na pluralidade de correntes, opiniões, projectos, ...)

7.5.2. Mas torna-se vital, numa democracia adulta, a cultura de negociação, de concertação política. Não de consensos. Mas de, mesmo na diferença, sermos capazes de estabelecer plataformas para a acção do Estado no médio prazo, nem que seja só em áreas de política centrais...

7.5.3. Estabelecer um novo protocolo do debate político, fazer a aprendizagem da negociação como método (e os casos a que pudemos assistir revelam uma total ausência de competência negocial ...) torna-se decisivo.

7.6..De política internacional

7.6.1. O mundo globalizou-se.
7.6.2. A economia globalizou-se.
7.6.3. O sistema financeiro globalizou-se.
7.6.4. Eu (cada um de nós) globalizei-me.
7.6.5. A política e o poder político continua basicamente confinado aos limites do Estado Moderno.
7.6.6. Exceptuando a UE, único exemplo de integração política regional em realização no mundo.
7.6.7. A UE e o mundo tem que acelerar, reforçar e consolidar processos de integração política que tornem a política capaz de agir eficazmente à escala regional (mundial) e global.

8. Temos de estar preparados para algo de totalmente novo.
Mas convém estarmos preparados.