Duas Margens

BEM VINDO ÀS DUAS MARGENS

Espero que possamos partilhar a vontade de construir pontes e passagens, certos de que todas a pontes e passagens têm pelo menos 2 entradas e que todas as entradas são também saídas. Às vezes não importa tanto onde entramos e por onde saímos, mas o que no percurso fazemos juntos.

domingo, 29 de agosto de 2010

DIREITA // ESQUERDA

A Direita está com um problema: como reduzir (emagrecer, minimizar, encurtar ...) o estado social para fazer uma economia competitiva?
A esquerda está com um problema: como ter uma economia competitiva para sustentar (pagar, suportar a caderno de encargos...) o estado social?

DIREITA // ESQUERDA

A Direita está com um problema: como reduzir (emagrecer, minimizar, encurtar ...) o estado social para fazer uma economia competitiva?
A esquerda está com um problema: como ter uma economia competitiva para sustentar (pagar, suportar a caderno de encargos...) o estado social?

PASSOS COELHO SABE (não) JOGAR À BATALHA NAVAL?

Passos Coelho realizou efectuou três lances:
- negociação e apoio ao PEC: acabou a pedir desculpas ao país (não percebeu que foi essa atitude construtiva que o fez subir nas sondagens,,,)
- Projecto de revisão constitucional: lançou um diferendo com o PS e o Governo no plano ideológico: acabou a recuar depressa e em força... quer pela complexidade da matéria, quer pelo mau acolhimento público, quer pela força do contra ataque do PS/Governo: tiro na água.
- Ultimato sobre o Orçamento 2011: faz-se política por ultimatos? Vai respeitar os termos do seu próprio ultimato? Vai recuar... tiro para o ar, na vertical.
Síntese:
-um bom lance com mau desfecho (e incompreendido no seu alcance)
-dois maus lances, muito amadorismo,uma retirada desordenada... ...

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

PASSOS COELHO

PASSOS COELHO sabe jogar à batalha naval?

Dois tiros da água...

1. Revisão constitucional: amadorismo, ao lado do país, temas preocupantes... teve que abandonar apressado.

2. Chumbo anunciado do orçamento: amadorismo (fazer política por ultimatos é de escola primária), a somar preocupações ao país, a "entalar" o PR ( que não terá outra hipótese senão demarcar-se para não dançar o tango com PPC...).

Assim se vai dando cabo do estado de graça...

CASAL DE ADÚLTEROS LAPIDADOS

DIÁRIO DE NOTÍCIAS, hoje: "CASAL DE ADÚLTEROS LAPIDADOS NO AFEGANISTÃO POR TALIBÃS"

"Homem, de 28 anos. e mulher, de 20, apedrejados até à morte, na presença de população que foi convocada para assistir através de altifalantes da mesquita local"

A fotografia, na sua objectividade, é brutal.Dois corpos, envoltos em mantas azuis, por terra. Uma mala, um saco de plástico amarelo, pousados ao lado. Sangue escorre pelo chão. Um grupo de homens e crianças olha.
Consumata est.

...

"Eu vim de longe, de muito longe, o que eu passei p'raqui chegar" canta uma cantiga, creio que de José Mário Branco.

Sim: também nós tivémos a nossa barbárie, as nossas lapidações, as nossas torturas, as nossas guerras justas, as nossas torturas, as nossas fogueiras, a nossa inquisição.

Pagámos caro por isso. Pagámos muito caro para nos libertarmos disso. Pagámos um preço enorme para fazer a secularização, para contruírmos o Estado Moderno e laico, para separar a igreja do Estado.

Com este projecto de regresso à barbárie imaginem só como estariam as praças das nossas cidades, das nossas vilas, das nossas aldeias... imaginem so quantos de nos aí estaríamos deitados por terra numa poça de sangue...

Precisamos de dizer que não. Que nada justifica isto. Que não aceitaremos isto nunca.
Todavia, um homem e uma mulher, de 28 e 20 anos, estão por terra, apedrejados, numa poça do seu próprio sangue, porque se quiseram amar...

A vida continua..

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

UM ANO DE GOVERNO: E AGORA?

Este primeiro ano do Governo é marcado por dois erros estratégicos centrais: 1) Incapacidade de perceber e caracterizar a crise e 2) adopção de uma estratégia de confrontação com a oposição, particularmente em sede parlamentar, em vez de uma estratégia de amortecimento da conflitualidade política.
1. O Governo terá achado que esta era uma crise conjuntural, essencialmente uma crise do sub-prime americano e que se confinaria ao sector financeiro. Tipo “incha, desincha e passa”.
Não compreendendo a natureza da crise, o Governo cultivou um tom optimista e triunfalista de negação, e sucessivamente de denegação de si próprio, da suas projecções, previsões e políticas. Andou sempre, como se diz no futebol, “a correr atrás do prejuízo”. Foi portanto incapaz de definir e comandar uma agenda política realista e credível, capaz de suscitar a compreensão e a adesão dos cidadãos.
2. Como resultado das eleições, o Governo iria governar, em situação de crise, com um governo de maioria relativa no Parlamento. Logo, um governo minoritário no Parlamento. A opção do Governo foi aceitar o cavar de trincheiras e o abrir de hostilidades, acentuando a conflitualidade que se vivia no parlamento também por força da intensidade da oposição do BE e do PCP, bem como da radicalização do PSD de Ferreira Leite.
Reagindo simetricamente ao comportamento da oposição, o Governo assumiu que “já se discutiu o que havia para discutir nas eleições”, e que “há um programa de Governo legitimado no Parlamento”, logo a governação seria a realização desse programa.
Ao adoptar esta estratégia o Governo i) assumiu o confronto político como método de acção política, ii) tornou o Programa de Governo um absoluto da governação, iii) eliminou qualquer margem e possibilidade de recuo que não fosse exactamente um recuo e uma derrota política e iv) alienou a possibilidade de colocar na agenda política uma exigência de negociação e concertação políticas como caminho para enfrentar e definir caminhos para sair da crise e nele comprometer a oposição, mesmo que fosse com recusas claras perante o País.
Aquilo a que assistimos foi exactamente i) um acréscimo de conflitualidade política em cima da crise, ii) o abandono sucessivo do Programa do Governo (investimento público, impostos, SCUT, …) iii) recuos e derrotas sucessivas do governo e iv) serem os outros (PR, Igreja, o próprio líder do PSD) a reclamar a negociação e a concertação políticas, para um Pacto de Estado, um Pacto Social ou outra designação qualquer.
Ora esta crise revelou ser não apenas uma crise financeira. Afirmou-se como crise económica, social, civilizacional, de sustentabilidade, com impactos e efeitos profundos e duráveis.
A estratégia do Governo, assente na incompreensão da crise e do valor da negociação e concertação políticas como instrumentos políticos ajustados e necessários, não só para definir caminhos para o país, mas também para facilitar a compreensão e a adesão dos cidadãos às escolhas e políticas públicas, revelou-se não só desajustada e errada, como constituindo mesmo uma das variáveis do problema.
Um ano mais tarde, o PS e o seu Governo devem fazer uma avaliação séria e sistemática. Não tanto para culpabilizar, mas sobretudo para introduzir as reorientações e rectificações necessárias. Para a governação, para o País. Mas também para que o PS se reposicione para poder ganhar um jogo que parece estar a perder. É que, quando um jogo está perdido, é preciso fazer o que é necessário para o ganhar. E a primeira coisa é querer ganhá-lo.

domingo, 1 de agosto de 2010

CHUMBOS, RAPOSAS, REPROVAÇÕES, RETENÇÕES

Aprendi nos últimos dias, com o coro da nossa oposição inteira, que:
1. Os chumbos etc... constituem um dispositivo de qualificação do sistema educativo português.
2. Os chumbos etc... são uma instituição de combate ao facilitismo no sistema educativo português.
3. Sem chumbos etc... o sistema educativo português afunda-se.

Comentários:
1. Por que será que, sendo o chumbo etc...um dispositivo do sistema educativo há tantas décadas , a qualidade do sistema é a que é e os resultados são os que são?
2.Porque será que sendo o chumbo etc uma instituição do sistema educativo há tantas décadas passamos a vida a ouvir denunciar o seu facilitismo?
3. Porque será que sendo o chumbo etc... um dispositivo e uma instituição do nosso sistema educativo há tantas décadas, a sua qualidade e os seus resultados parecem, de acordo com os diagnósticos conhecidos, a qualidade e os resultados de um sistema no fundo?
Já agora: os sistemas educativos dos países onde este dispositivo e esta instituição não existem (ouvi falar nos países nórdicos, a Finlândia, mas também o Japão), são mais desqualificados e mais facilitistas que o nosso?
Já agora ainda: desqualificação e facilitismo não será dar aos alunos de 2 (ou de 7, na escala de 0 a 20) 3 ou 10 para poderem passar...?
Podemos rejeitar a mudança, assim, de uma penada baseada em puros preconceitos?
Ou devemos pondera-la, de mente aberta e estudando a experiência dos outros?
Rejeitar a mudança porque sim é puro conservadorismo.