Duas Margens

BEM VINDO ÀS DUAS MARGENS

Espero que possamos partilhar a vontade de construir pontes e passagens, certos de que todas a pontes e passagens têm pelo menos 2 entradas e que todas as entradas são também saídas. Às vezes não importa tanto onde entramos e por onde saímos, mas o que no percurso fazemos juntos.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Aranhas e escaravelhos ou o dilema estratégico PS

Diz quem sabe que em 2011 haverá eleições legislativas. Quem sabe diz também que o PSD as vai ganhar. As sondagens também. Quando um jogo parece perdido, o que é preciso para o ganhar é querer ganhá-lo. Fazer o que é preciso.

Era eu pequeno, no pequeno batatal da pequena horta, aprendi a estratégia do escaravelho. O pequeno animal passeava-se nas ramas das batateiras Eu tocava-lhe com a ponta do dedo e o animal estacava e imobilizava-se e fingia de morto. Podia brincar com ele e ele sempre imóvel tipo morto. Eu lá me chateava e deixava-o para me dedicar a coisas mais interessantes.

Também me lembro de apreciar longamente a estratégia da aranha: metódica e persistentemente realiza o seu trabalho: primeiro constrói as grandes radiais, depois a longa espiral unindo e suportando as radiais, só depois fecha a rede numa estrutura admirável, só possível porque uma visão, uma inteligência, lhe comanda a acção.

Dilema estratégico do PS: o escaravelho ou a da aranha? Fingir de morto ou fazer a prova de vida?
Há quem no PS prefira a imitação do escaravelho. Com outros nomes, claro. Portas já quis ir mais longe e convidou Sócrates à morte do samurai; Passos prefere a morte lenta.
Eu (e muitos) prefiro a aranha, a acção, a prova de vida.

Que sugeriria a aranha a José Sócrates?

- Talvez uma remodelação em Setembro. Precisamos que o governo ganhe uma nova energia, saiba ter a iniciativa e comandar a agenda política, explicar as suas políticas, assumir a negociação como método sistemático no parlamento e na concertação social, independentemente do que se espera dos outros protagonistas
- De certeza relançar a ambição de futuro das Novas Fronteiras. (As Novas Fronteiras são a alma e a marca do PS de Sócrates. (O apoio resignado e passadista a Alegre nas Presidenciais provocou/provoca danos no Espírito de Modernidade e no impulso de futuro que elas significam). Relançar este espírito de conquista e esta ambição de futuro, esta marca do PS de Sócrates, é essencial)
-Reanimar e dar novo impulso à alma do PS. (Soares teve razão: O PS está triste e resignado. É preciso dar todas as explicações, ouvir todas as críticas, preocupações, reflexões, sugestões, propostas. É preciso que os militantes saibam que contam, têm voz, inteligência e energia).
(Nova alma ao PS? Para começar talvez um Congresso Nacional Extraordinário lá para o fim do ano. Novembro? Não electivo. Mas de explicação, análise, debate e crítica, de orientação e mobilização).
- Que Sócrates defina com clareza as grandes bandeiras do PS e do Governo. (Precisamos de perceber que o défice e dívida não são tudo. Que é essencial equilibrá-las para alguma coisa. Que essa alguma coisa é essencial para todos: sustentar o Estado Social, refazer um Estado próximo e descentralizado, centrado no Cidadão e nos interesses/necessidades da comunidade, ter cidadãos qualificados para uma cidadania activa e uma economia competitiva, capaz de gerar emprego e riqueza, para assegurar a função redistributiva do Estado, a coesão, a justiça e a equidade.)

A alternativa é triste: o programa neo-liberal de von Hayek e Passos Coelho, o Estado Mínimo (ou Modesto), a retirada do Estado da economia e da intervenção social.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

LIBERDADE?

Liberdade. É uma meteria decisiva. Todos a defendemos. E pensamos que estamos a falar da mesma coisa. Mas não. Começarão aqui as grandes divergências filosóficas e políticas. O que pensamos sobre a Liberdade? como a definimos? que consequências políticas tem a nossa concepção de liberdade?

‎1. Liberdade: liberdade individual, não existência de coacção ou constrangimento na esfera da acção individual ou privada.
Associa-se e fundamenta os direitos civis e políticos: liberdades pessoais - expressão, propriedade, imprensa, culto ou religião,... e liberdade de participação política: associação, ser eleito e eleger, ...
Liberdade associada a Bill of Rights (Revolução Inglesa, 1689), à Declaração de Independência (Revolução Americana, 1776), e Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (Revolução Francesa, 1789).
Progresso fundamental do Estado Moderno contra a discricionaridade e arbitrariedade do Estado Autocrático e Absolutista.
Creio que é consensual a sua defesa.É a concepção de Liberdade que todos defendemos. Acho eu.

‎2. Liberdade: garantia de que todos e cada um têm condições para a satisfação das necessidades básicas, com recursos que a própria sociedade garante, através dos poderes públicos.
Fundamenta os direitos sociais, tendo como referência a justiça social, a equidade, a função redistributiva do Estado.
Marx mostrou a insuficiência do conceito de liberdade e dos dos direitos civis e políticos anteriores.
Esta concepção articula-se com a Constituição Política do México (1917), As Constituições Russas (1918 e 1936), Constituição da Alemanha de Weimar (1918), Constituição Espanhola (1931), Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), ...
O reconhecimento desta concepção de Liberdade e dos Direitos Sociais associados ganha relevo com o Wellfare State (1940-1970) e New Deal de inspiração keynesiana nos EUA (década de 30, após crise de 1929).
Os direitos sociais referentes à vida social, económica e educação, e significam um caderno de encargos assumido pela sociedade, através do Estado, têm carácter prestacional...
Haverá o mesmo consenso sobre esta concepção de Liberdade?

(Procurei nos comentários anteriores seguir Potyara A.P. Pereira et al., "Polémica entre a direirta e esquerda sobre necessidades, políticas e direitos sociais: um confronto das ideias de Friedrich von Hayek e Raymond Plant", Para os interessados recomendo a leitura. Em vez de Hayek e Plant podemos hoje, em Portugal, imaginar outros protagonistas.)

domingo, 18 de julho de 2010

EDITE ESTRELA: A ESTRATÉGIA DO ESCARAVELHO

1. Era eu pequeno, no pequeno batatal da pequena horta, aprendi a estratégia do escaravelho. O pequeno animal passeava-se nas ramas das batateiras Eu tocava-lhe com a ponta do dedo e o animal estacava e imobilizava-se e fingia de morto. Podia brincar com ele e ele sempre imóvel tipo morto. Eu lá me chateava e deixava-o para me dedicar a coisas mais interessantes.
2. No Diário de Notícias de hoje, na 1ª página, lá esta, no topo à esquerda com uma foto bem gira da nossa euro-deputada: “Edite Estrela manda calar PS sobre remodelação do Governo”! Corri à pag.7. Lá está: “É lamentável. Se assim é, é lamentável. Os socialistas deviam ser os primeiros a contribuir para a estabilidade do Governo.” E logo a seguir “as pessoas deviam ter a sensatez de não contribuir para dar pretextos para fragilizar o país”…Lá está: estejam calados...
3. Dilema estratégico do PS: ou a estratégia do escaravelho ou fazer prova de vida.
4. Portas e Passos preferem a estratégia do escaravelho: a morte rápida (Portas), a morte lenta (Passos)… Edite também (uma qualquer).
5. Eu prefiro a prova de vida.

sábado, 17 de julho de 2010

DAR NOVA ALMA AO PS?

Para começar talvez um CONGRESSO NACIONAL EXTRAORDINÁRIO lá para o fim do ano. Novembro?
Não electivo, claro.
Mas um Congresso de reflexão, debate, orientação, participação:
-O Governo pode explicar a sua estratégia.
-Os dirigentes podem dizer o que pensam.
-Os militantes podem ouvir, criticar, dar sugestões, dizer.
-O país pode perceber o que se passa no PS.
Pode ser um congresso temático:
-Qual a natureza da crise?
-Que Estado queremos? A que caderno de encargos deve responder o Estado Social?
-Como ter uma economia produtiva e competitiva o necessário e suficiente para crescer de modo sustentado, promover o nível e a qualidade de vida, garantir o Estado Social?
Talvez se possa começar por aqui..

quarta-feira, 14 de julho de 2010

HÁ ALGUM TEMPO...

Há algum tempo que, por razões diversas, aqui não vinha. Vou ver se consigo regressar com regularidade...

DIZ QUEM SABE...

Diz quem sabe que em 2011 haverá eleições legislativas.Quem sabe diz também que o PSD as vai ganhar.As sondagens também.Quando um jogo parece perdido, o que é preciso para o ganhar é querer ganhá-lo.Fazer o que é preciso.
Para mim é preciso:
- Que Sócrates faça uma remodelação em Setembro. (precisamos que o governo ganhe uma nova energia, saiba ter a iniciativa e comandar a agenda política, explicar as suas políticas, assumir a negociação como método sistemático no parlamento e na concertação social, independentemente do que se espera dos outros protagonistas).
- Que Sócrates relance a ambição de futuro das Novas Fronteiras. (As Novas Fronteiras são a alma e a marca do PS de Sócrates. O apoio resignado e passadista a Alegre nas Presidenciais provocou/provoca danos no Espírito de Modernidade que elas significam. Relançar este espírito de conquista, esta ambição de futuro, esta vontade de estar aberto ao diálogo e à participação são essenciais)
- Que Sócrates revigore a alma do PS e o ponha a funcionar. (Soares teve razão: O PS está triste e resignado. É preciso dar todas as explicações, ouvir todas as críticas, preocupações, reflexões, sugestões, propostas. É preciso que os militantes saibam que contam, têm voz, inteligência e energia)
- Que Sócrates defina com clareza as nossas, do PS e do Governo, bandeiras. (Precisamos de perceber que o défice e dívida não são tudo. Que è essencial equilibrá-las para alguma coisa. Que essa alguma coisa é essencial para todos: sustentar o Estado Social, reformar o Estado para um Estado próximo e descentralizado, centrado no Cidadão e nos interesses/necessidades da comunidade, ter cidadãos qualificados para uma cidadania activa e uma economia competitiva, capaz de gerar emprego e riqueza, para assegurar a função redistributiva do Estado, a coesão, a justiça e a equidade.)
A alternativa é triste: o programa neo-liberal de von Hayek e Passos Coelho, o Estado Mínimo (ou Modesto), a retirada do Estado da economia e da intervenção social.