Diz quem sabe que em 2011 haverá eleições legislativas. Quem sabe diz também que o PSD as vai ganhar. As sondagens também. Quando um jogo parece perdido, o que é preciso para o ganhar é querer ganhá-lo. Fazer o que é preciso.
Era eu pequeno, no pequeno batatal da pequena horta, aprendi a estratégia do escaravelho. O pequeno animal passeava-se nas ramas das batateiras Eu tocava-lhe com a ponta do dedo e o animal estacava e imobilizava-se e fingia de morto. Podia brincar com ele e ele sempre imóvel tipo morto. Eu lá me chateava e deixava-o para me dedicar a coisas mais interessantes.
Também me lembro de apreciar longamente a estratégia da aranha: metódica e persistentemente realiza o seu trabalho: primeiro constrói as grandes radiais, depois a longa espiral unindo e suportando as radiais, só depois fecha a rede numa estrutura admirável, só possível porque uma visão, uma inteligência, lhe comanda a acção.
Dilema estratégico do PS: o escaravelho ou a da aranha? Fingir de morto ou fazer a prova de vida?
Há quem no PS prefira a imitação do escaravelho. Com outros nomes, claro. Portas já quis ir mais longe e convidou Sócrates à morte do samurai; Passos prefere a morte lenta.
Eu (e muitos) prefiro a aranha, a acção, a prova de vida.
Que sugeriria a aranha a José Sócrates?
- Talvez uma remodelação em Setembro. Precisamos que o governo ganhe uma nova energia, saiba ter a iniciativa e comandar a agenda política, explicar as suas políticas, assumir a negociação como método sistemático no parlamento e na concertação social, independentemente do que se espera dos outros protagonistas
- De certeza relançar a ambição de futuro das Novas Fronteiras. (As Novas Fronteiras são a alma e a marca do PS de Sócrates. (O apoio resignado e passadista a Alegre nas Presidenciais provocou/provoca danos no Espírito de Modernidade e no impulso de futuro que elas significam). Relançar este espírito de conquista e esta ambição de futuro, esta marca do PS de Sócrates, é essencial)
-Reanimar e dar novo impulso à alma do PS. (Soares teve razão: O PS está triste e resignado. É preciso dar todas as explicações, ouvir todas as críticas, preocupações, reflexões, sugestões, propostas. É preciso que os militantes saibam que contam, têm voz, inteligência e energia).
(Nova alma ao PS? Para começar talvez um Congresso Nacional Extraordinário lá para o fim do ano. Novembro? Não electivo. Mas de explicação, análise, debate e crítica, de orientação e mobilização).
- Que Sócrates defina com clareza as grandes bandeiras do PS e do Governo. (Precisamos de perceber que o défice e dívida não são tudo. Que é essencial equilibrá-las para alguma coisa. Que essa alguma coisa é essencial para todos: sustentar o Estado Social, refazer um Estado próximo e descentralizado, centrado no Cidadão e nos interesses/necessidades da comunidade, ter cidadãos qualificados para uma cidadania activa e uma economia competitiva, capaz de gerar emprego e riqueza, para assegurar a função redistributiva do Estado, a coesão, a justiça e a equidade.)
A alternativa é triste: o programa neo-liberal de von Hayek e Passos Coelho, o Estado Mínimo (ou Modesto), a retirada do Estado da economia e da intervenção social.
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