Duas Margens

BEM VINDO ÀS DUAS MARGENS

Espero que possamos partilhar a vontade de construir pontes e passagens, certos de que todas a pontes e passagens têm pelo menos 2 entradas e que todas as entradas são também saídas. Às vezes não importa tanto onde entramos e por onde saímos, mas o que no percurso fazemos juntos.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

UM PAR DE COISAS SOBRE O MUNDO

Acabei de ler um livro. O Mundo é Plano, de Thomas L. Friedman.
Apeteceu me respigar um par de coisas. É só um convite para que o leia, também.
1.
Imaginemos o mundo como uma cidade. Avenidas, ruas, bairros, zonas.
Imaginemos como, nessa cidade, cada região do mundo poderia ser localizada, figurada.
A Europa seria o centro de dia. Pessoas idosas, carecendo de cuidados de saúde e bem estar. Enfermeiras turcas e emigrantes providenciam cuidados.
Os EUA seriam um grande condomínio fechado, com uma porta principal altamente vigiada, detectores de metais, etc. Uma porta nas traseiras por onde mexicanos e outros emigrantes entram para assegurar a manutenção e o funcionamento do condomínio. Os residentes americanos lamentam-se da preguiça e inutilidade dos trabalhadores …
A América Latina é o bairro dos bares, a zona divertida da cidade. Aí ninguém se deita cedo e tudo recomeça, de manhã, bem tarde.
O Mundo Árabe é a zona perigosa. Só se lá vai quando tem que ser e com segurança… Excepto as ruas Dubai, Qatar, Barhein…
África é a zona de cidade onde as lojas já fecharam todas.
A Ásia Oriental, China, Ìndia, os chamados Estados Tigre, são o enorme mercado. Imensas pequenas lojas, fabricas open space, uns centros educativos aqui e ali onde se luta pelo acesso às universidades, umas Faculdades de Engenharia, Informática, Ciência Naturais… Não se dorme. Trabalha-se afincadamente, poupa-se tudo o que é possível, aprende-se tudo o que se pode. Um sonho domina esta energia fervilhante: passar para o lado bom da vida.
2.
Questionado sobre o modo como a China vê os EUA, um alto funcionário de um grande banco chinês condensou assim o seu pensamento:
Antes, tínhamos medo do lobo.
Depois, quisemos dançar com o lobo.
Agora, queremos ser o lobo.

3.
Conta-se em África a seguinte história.
Todas as manhãs uma gazela acorda
Sabe que tem de correr mais depressa do que o leão mais rápido, se não será comida.
Todas as manhãs um leão acorda.
Sabe que tem de correr mais depressa do que a gazela mais lenta, senão morrerá de fome.
Não interessa se é gazela ou leão.
Quando o sol se levanta, sabe que tem que correr.

4. Temos que correr. Temos que decidir correr. Não se corre sem decisão de correr. Não se corre muito sem uma forte decisão de correr.
Dito de outro modo, o desenvolvimento é um processo voluntário.
Como indivíduos, como comunidades, enquanto países, a opção pelo desenvolvimento é uma decisão a tomar. Porque é sempre possível decidir por outras opções.
Uma decisão, uma escolha.
Nesta decisão, nesta escolha, três aspectos essenciais:
4.1 Precisamos de construir as infra-estruturas que nos ligam, a todos, pessoas, organizações, instituições, as plataforma do mundo global.
4.2 Precisamos de conceber e implementar as políticas públicas nas áreas financeira, do sistema jurídico, dos instrumentos para gerir melhor os fluxos que ligam as pessoas, as organizações, as instituições às plataformas do mundo global.
4.3 Precisamos de ter uma educação capaz de aumentar o número de pessoas a inovar e a ser capazes de entrar nas plataformas do mundo global.

5. E precisamos de ter presente, sempre, que por cada um de nós, país, organizações e instituições, pessoas, há dezenas, dezenas de milhar, centenas de milhar de países, organizações, empresas, pessoas, jovens, que dormem pouco, trabalham muito, ensinam e aprendem tudo o que podem, para chegarem ao lado bom da vida.
Eles correm.
Não importa ser gazela ou ser leão. Eles sabem que têm que correr.
E já decidiram pôr o pé na estrada.

(Pub. in O Ribatejo)

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