Duas Margens

BEM VINDO ÀS DUAS MARGENS

Espero que possamos partilhar a vontade de construir pontes e passagens, certos de que todas a pontes e passagens têm pelo menos 2 entradas e que todas as entradas são também saídas. Às vezes não importa tanto onde entramos e por onde saímos, mas o que no percurso fazemos juntos.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

A BOLHA DA MADEIRA E O DILEMA DE CAVACO

1.
O Presidente da República foi claro: é preciso negociar, negociar, negociar, para um plano a médio prazo para controlar e reduzir o défice e a dívida.
O Governo assumiu a necessidade de negociar, a começar no OE para 2010, para controlar e reduzir o défice e a dívida.
O PSD assumiu viabilizar o OE desde que, nele, o Governo desse sinais claros de que o caminho era controlar reduzir o défice e a dívida.
O PSD entendeu que esses sinais, para controlar e reduzir o défice e a dívida, estavam dados no OE e assumiu a abstenção para o viabilizar.
Isto aconteceu?
2.
O PSD organizou e manteve um braço de ferro com o Governo.
Para manter a bolha da Madeira. Para manter o crescimento da bolha da Madeira. Bolha de crescimento. Bolha de excepção. O País deve controlar e reduzir o défice e a dívida. A Madeira não.
Porque se envolve o PSD nesta operação, neste braço de ferro? Bem, vai haver um congresso do PSD. Jardim tem o seu peso próprio. Ninguém o quer afrontar. Todos o querem como aliado.
3
Mas não se trata só de um braço de ferro com o Governo.
Mas não se trata só da rivalidade Manuela – Sócrates, ou PSD – PS.
O que o PSD está a fazer é um desafio claro ao Presidente da República.
É estar a dizer-lhe, do modo mais explícito possível, que a concertação política é só quando lhe interessa. É estar a dizer-lhe que as políticas da República para reduzir o défice e conter a dívida se aplicam em todo o território nacional, menos à Madeira.
É a Madeira elevado ao estatuto da Gália, no mundo de Asterix e Obelix.
4.
O PSD deixa ao Presidente um dilema: O que fará quando esta lei lhe chegar às mãos? Pode, ou não pode, o Presidente promulgá-la?
Se Cavaco Silva acreditar em si próprio, se acreditar no seu discurso de Ano Novo, só pode vetar e enviar uma mensagem, dura, à Assembleia da República.
E afrontar a sua principal base de apoio nas presidenciais… o PSD…
Veremos.
Eu aposto que Cavaco vetará.

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