Duas Margens

BEM VINDO ÀS DUAS MARGENS

Espero que possamos partilhar a vontade de construir pontes e passagens, certos de que todas a pontes e passagens têm pelo menos 2 entradas e que todas as entradas são também saídas. Às vezes não importa tanto onde entramos e por onde saímos, mas o que no percurso fazemos juntos.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

SANTARÉM: UMA ESCOLHA A FAZER

Também por isso (PS e PSD do distrito de Santarém ausentes) teve que ser o Presidente da Nersant (sòzinho) e lembrar que o distrito de Santarém não tem existido e que é necessário retomar, com urgência, este território como unidade de concertação estratégica para o desenvolvimento.
O Distrito de Santarém, ou o Vale do Tejo, é uma unidade territorial relevante de planeamento, de concertação, de desenvolvimento.
Pode ser um teritório forte. Pode ser um território fraco.
Não é inevitável.
Podemos escolher.

8 comentários:

  1. "O Distrito de Santarém, ou o Vale do Tejo, é uma unidade territorial relevante de planeamento, de concertação, de desenvolvimento."
    Exactamente aquilo que não tem sido levado em conta nos últimos 20 ou 30 anos.
    Mercê de politiquices várias em vez de planos estratégicos e políticas sérias de desenvolvimento estrutural desta vasta área próxima de Lisboa, temos "assistido" à sua desagregação e ao seu parcelamento,(Norte, Médio e Lezíria)criando divisões e sendo transformado em quintas e quintais de partidos políticos, geridos nas Distritais dos partidos que alternam no poder sobretudo no autárquico.
    Foi ( e ainda é) assim com diversos Quadros Comunitários de Apoio, em que a matriz económica e o interesse público dos investimentos, se preverteu e passou a ser apenas política, desconsiderando o objectivo fundamental: promover o Desenvolvimento da Região e dos seus habitantes.
    Foi por isso que ficámos para trás.
    Porque não houve efectivamente unidade territorial, em nada.Muito menos nos investimentos que podiam criar riqueza e desenvolvimento. Antes pelo contrário.
    E quando assim é, ficamos todos a perder, e não ganha ninguém.
    A título meramente de exemplo, falemos do CHMT. (apenas este exemplo, porque na área económica, temos muitos, onde o NERSANT também foi apenas a porta de entrada de Subsídios de Formação quando poderia ter feito muito mais).
    O CHMT, é um consumidor de dinheiros públicos, com gastos incomportáveis para qualquer estrutura de saúde, dirigida aos núcleos populacionais que integra.
    Onde é que num País organizado se mantêm 3 estruturas destas em funcionamento num raio de 25 KM???
    Não defendo hoje o encerramento de nenhuma, mas sempre defendi(contra a corrente até) que precisávamos todos no Distrito de um Hospital Central, que pudesse prestar cuidados a nível das valências diversas que só temos em Coimbra ou Lisboa, e também uma unidade Grande Urgência, com equipas médicas e Equipamentos adequados.
    Está hoje demonstrado que isso teria sido possível, se os políticos em vez de exercerem as suas influências de quinta e quintal junto do poder central,se se tivessem sentado a uma mesa para pensar no planeamento regional da rede hospital no distrito e no bem comum das populações que os elegeram.
    Não foi assim e o senhor sabe bem como foi.
    O que temos hoje é uma desgraça, em termos da prestação de cuidados de saúde no Distrito, continuando dependentes de Lisboae Coimbra, em muitos casos básicos.
    E em termos do desequilíbrio financeiro que os contribuintes têm que suportar, é inaceitável. Os mais avisados sabem, que o futuro de 3 unidades,nestas condições está com prazo curto.
    Mas, a responsabilidade de termos hoje o que temos, é essencialmente vossa. Dos políticos fracos que hoje temos,( e que até já se dão ao luxo da falta de comparência) e dos "fortes" que nos últimos 30 anos, desperdiçaram os Fundos e os Polis não se sabe onde, nem para quê, apenas com o objectivo de se sentarem nas cade3iras do poder autárquico. Ora uns, ora outros. Todos iguais. Nunca diferentes na coragem política de escolher o melhor para as populações. Mas sempre conciliados nas estratégias dos interesses de poder.
    Alice Marques

    ResponderEliminar
  2. Olá Alice

    Em rigor gostave de dizer que:
    1. Nos QCA II e III as duas Associações de Municípios (Lezíria e Médio Tejo) aproximaram-se, fizeram um esforço de concertação, de definição de estratégias conjuntas a partir de uma visão do território, criaram uma estrutura comum de gestão dos fundos comunitários para os municípios, iniciaram uma prática inovadora que no QREN agora se generalizou ao país: a contratualização da gestão dos investimentos co-financiados pelo PO Regional mediante a apresentação e negociação prévia de um Plano de Acção. Marcou um período, definiu uma cultura, valorizou o território, promveu a intermunicipalidade. Eu sei, eu estava lá.
    Com o QREN e a redefinição das NUT perdeu-se esse impulso, essa cultura política.
    É isso que é necessário retomar, após o QREN, e começar já a preparar. Afinal, há um PROT comum, o PTOTOVT, uma região (LVT), um distrito (o Vale do Tejo, mais ou menos.

    2. A questão dos Hospitais é de natureza diferente.
    Havia dois Hospitai Distritais: Santarém e Abrantes. Construíram-se mais dois: Tomar e Torres Novas. Foram decisões casuísticas, fora de qualquer planeamento razoável, informadas por um localismo absurdo? Foram. Embora os Hospitais existentes, quer em Tomar, quer em Torres Novas, exigissem a modernização adequada, deveriam tê-lo sido no quadro de um planeamento exigente, e de um território e uma polupação a servir. Não foi assim. Foi a lógica do vamos fazer e depois logo se vê. Seria necessário identificar os decisores, e têm nomes e responsabilidades, e não foram "todos". Mas, existindo os três Hospitais no Médio Tejo, só há uma maneira de os gerir com um mínimo de racionalidade: como Grupo Hospitalar, definindo e valorizando especializações e complementaridades. É o que se tem tentado fazer. Se com sucesso ou ão o futuro dirá.

    3. O discurso generalizador, que a Alice aqui faz, é o mais simples e também o mais estereotipado de todos os discursos.
    São todos iguais, é tudo o mesmo, etc. Isso pode dizer-se de tudo, e diz, com o mesmo à vontade e sabedoria: as mulheres são todas iguais, os homens são todos iguais, os políticos são todos iguais, os homens do futebol são todos iguais, os advogados, os .... idem... Recobrimos toda a diferença, estabelemos a identidade de tudo, dizemos o mesmo de tudo e de todos...
    A generalização permanente é um mau exercício.Por uma razão simples: não nos conduz a nada, é redutora, repetitiva, e não é verdade.

    Cumprimentos
    Nelson Carvalho

    ResponderEliminar
  3. Caríssimo Nelson Carvalho:
    Agradeço a atenção que sempre dispensa aos meus comentários.
    Face à "dureza" da sua resposta,no ponto 3 não posso deixar de replicar.
    Os políticos não gostam de discursos generalizadores, que os inclui a todos. É certo que se criam injustiças na apreciação.
    Contudo, e infelizmente, as práticas políticas dos dois partidos de poder (PS e PSD) no Distrito de Santarém, sobretudo na última década, não têm deixado memória positiva.(na minha modestíssima opinião).
    E os seus dois escritos, até o confirmam.
    A diferença entre uns e outros (para que não se generalize) têm os políticos que a fazer notar nas acções e posicionamento perante os interesses da população.
    Na altura de os analisarmos, nós, que somos eleitores,( mas não estamos dentro dos aparelhos partidários), é essa visão que temos. É essencialmente aquilo que os políticos fazem, em prol do desenvolvimento e bem estar das populações, que pesa. Não basta imagem e marketing.
    E aquilo a que assistimos é que a região, apesar dos QCAs e QREN , não atingiu o patamar de Desenvolvimento que esperámos, e que, pelas verbas disponibilizadas, se impunha.
    Os responsáveis são os políticos que as geriram.
    Acreditámos que podiam mudar o Distrito. Confiámos-lhe esse poder, através do voto.
    Perante o quadro que temos,( e que o senhor refere com muita clareza), como os posso diferenciar, se afinal , mesmo com alternância partidária ,assistimos aos tristes comportamentos que refere no seu post?
    Aceite, uma vez mais
    Os meus cumprimentos,
    Alice Marques

    ResponderEliminar
  4. "O PS e o PSD não existem no distrito”.
    Acabei de ler a entrevista que deu ao jornal "O Mirante".
    Claras e transparentes as palavras e as ideias. Sem margem para duplas interpretações.

    Cumprimentos,
    Alice Marques

    ResponderEliminar
  5. Olá Alice
    Sobre a "dureza" que usei, deixe-me dizer-lhe um par de coisas:
    -Não são os políticos que não gostam de generalizações. A generalização coloca problemas, não só de justiça ou injustiça das nossas apreciações ou juízos. mas um problema básico de validade / verdade. Quais são as condições que a generalização deve respeitar para produzir uma "verdade"? Como sabe a minha formação é a filosofia e sou particularmente sensível a alguns processos da lógica ou da retórica discursiva e argumentativa. A questão do uso da generalização ou da indução é problemático e questionado desde há alguns séculos, desde David Hume, mas com desenvolvimentos importantes no séc XX, como Karl Popper ou Wittgenstein, por exemplo. Foi um problema que estudei e a que sou sensível.
    Já agora, outra coisa que é de uso corrente e que acho detestável é o uso generalizado da expressão "na minha opinião, muito pessoal". É destestável, arrogante e normalmente falsa. Reajo do mesmo modo. É uma questão de rigor e exigência pessoais.
    Quanto ao diagnóstico, entendo que se fez muita coisa boa e bem feita, com bons contributos para a qualidade de vida, em quase todo o território da região.
    Ha sempre, também, défices e limitações de concepção, de planeamento, de concertação. Hoje é cada vez mais necessário ultrapassar a lógica do "minifúndio administrativo" que ainda preside à políticas municipais. Por isso entendo que a reaproximação das duas associações de municípios e a afirmação do Distrito (ou Vale do Tejo)como território com a escala relevante para o planeamento e a concertação, para o desenvolvimento e a competitividade é central e precisa de ser assumida.
    De resto em muito concordo consigo, e quando não obriga-me a clarificar o que penso. È bom.
    Cumprimentos.
    (Ah! Obrigado pela apreciaão da entrevista. Ainda não li...)

    ResponderEliminar
  6. Acredito que há muito para fazer.Mas nos dias de hoje nenhuma população "per si", mesmo existindo numa zona abrangente, como é a Lezíria e o Médio Tejo, não se restruturará de forma harmoniosa em todas as suas vertentes, quer sejam de cariz social, quer sejam de cariz económico, sem a Regionalização. Esse será o caminho...tudo mais serão devaneios...

    ResponderEliminar
  7. Mas eu concordo consigo, caro Afígaro. O desenvolvimento dos territórios é cada vez mais função dos próprios territórios, das regiões, das cidades. A Regionaização e uma forte e adequaga Política de Cidades são os dois instrumentos políticos essenciais para o desenvolvimento equilibrado e sustentável.
    O Estado nasceu com uma marca genética associada às funções de soberania, não às funções de desenvolvimento. Assim continua a ser...

    ResponderEliminar
  8. Boa noite!!!
    Sobre o seu artigo e os comentários já online, não posso deixar de dar a minha humilde opinião também.
    O distrito de Santarém tem sido por um lado vítima das guerras partidárias e pessoais de alguns barões locais do PSD e PS por um lado e por outro, pela imcompetência de quem tem estado à frente dos destinos do distrito, no aproveitamento dos diversos quadros de apoios comunitários e estatais. Lamento dizer isto, mas por muito que se tente mostrar o contrário, tem sido a classe política do distrito a culpada pelo mau aproveitamento desses fundos e que serviriam para o nosso desenvolvimento. Não foram os cidadãos anómimos que determinaram a aplicação desses fundos, que escolheram os projectos ou prioridades; não foram eles que canalizaram ou fiscalizaram a sua aplicação e mais grave ainda, não foram eles que mais tarde verificaram se tinham ou não sido bem aplicados, se serviram ou não para alimentar um certo clientelismo que infelizmente é tão vulgar em Portugal. Um pequeno exemplo; pergunte a um habitante Rio Maior, de Ferreira do Zézere, Alpiarça ou Benavente o que são e logo lhe dizem que são Ribatejanos. A identidade existe entre nós, cidadãos anónimos; o que não existe infelizmente é entre a classe política distrital e que têm ao sabor de interesses individuais e partidários, criado as suas quintas pessoais e estou certo que não precisa que nomeie nomes. PSD e PS são trágicamente um exemplo da incompetência na defesa dos legitimos interesses do distrito.
    Sobre os hospitais da região e que compõem o CHMT, prefiro não entrar nessa guerra, pelo menos por agora. E lamento dizer-lhe, mas o que se passa nesta questão é o perfeito exemplo do que tem sido as influências partidárias de alguns em claro prejuízo do restante distrito. Neste caso, apenas lhe digo que o que diz sobre a defesa do distrito como um todo, de uma identidade colectiva, não passa de mera reitórica. Ficará eventualmente para outra ocasião um comentário mais alargado sobre este caso.
    Um abraço de amizade.

    Fernando Carmo

    ResponderEliminar