Duas Margens

BEM VINDO ÀS DUAS MARGENS

Espero que possamos partilhar a vontade de construir pontes e passagens, certos de que todas a pontes e passagens têm pelo menos 2 entradas e que todas as entradas são também saídas. Às vezes não importa tanto onde entramos e por onde saímos, mas o que no percurso fazemos juntos.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

LÓGICA vs MUNDO

A questão definida no texto anterior não me larga. Não lhe saber responder torna-a uma questão seguramente maior do que ela é.
A lógica do argumento parece-me irrefutável.
Preciso de voltar a pensar na relação existente entre a lógica e o mundo, a vida.
Qual é a relação entre a lógica do pensamento e o mundo, ou o modo como o mundo e a vida ocorrem?
É por isto que a filosofia (alguma, ao menos) há-de ser útil...

4 comentários:

  1. ..."Não lhe saber responder torna-a uma questão seguramente maior do que ela é."
    Sabe concerteza a resposta porque a indicou.--" A lógica do argumento parece-me irrefutável".
    Justificar o argumento na roda dos princípios da sociedade em que giramos, é que lhe é difícil. Como a muitos também é , aceitar hoje a "normalidade" do casamento dos homosexuais e até a normalidade da sua união, sem que isso possa significar um "desvio" dos padrões normais do comportamento humano, !!
    Querer hoje, à luz das liberdades individuais,legitimar perante a organização colectiva em que vivemos e chamamos a sociedade, o princípio agora defendido de que deverá prevalecer as liberdades individuais e as opções dos cidadãos que não podem ser privados de as exercer, pois que isso lhes trará sofrimento, outras, nomeadamente a que questiona ( a bigamia) estão no mesmo plano!
    Sobre essa, por exemplo outras formas de organização societária e familiar, que não a ocidental, já as praticam..Estamos a um passo...
    A questão colocada, que não posso analisar no campo filosofico, por falta de conhecimento, é bem pertinente...
    Cumprimentos
    Alice Marques

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  2. Obrigado, Alice. Deixe-me ver. Do seu ponto de vista não podem fazer-se opções (em matéria de definição da nossa configuração social) com base em argumentos deduzidos dos bons princípios, ou por eles legitimados? Onde encontraremos então essa legitimação, ou matriz que nos ajude a deduzir e/ou validar as nossas opções? A organização social e a lógica dos princípios são e devem manter-se independentes? A lógica das ideias e o mundo (social) são independentes? A partir de onde acha que podemos pensa o que é bom para nós e a nossa comunidade?
    Espero a sua reflexão.
    Nelson Carvalho

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  3. Caríssimo Nelson Carvalho:
    Agradeço a disponibilidade manifestada para analisar a minha reflexão.
    Atrasada, devido a multiplos afazeres, espero que ainda seja oportuna.
    Pois bem, relativamente à questão colocada..."não podem fazer-se opções (em matéria de definição da nossa configuração social) com base em argumentos deduzidos dos bons princípios, ou por eles legitimados?" A resposta é sim. Podem.
    A organização social vigente, nos países livres e democráticos, tem a matriz instituída nos "bons princípios" do respeito pelos direitos fundamentais do indivíduo, com o objectivo de proporcionar a sua plena realização ,enquanto pessoa!
    Aqui reside pois, o direito da opção sexual do indivíduo. Inquestionável.Concordo.
    Nas outras questões seguintes .."A organização social e a lógica dos princípios são e devem manter-se independentes? A lógica das ideias e o mundo (social) são independentes?", Aqui reside o cerne da reflexão.Não são independentes. Influenciam-se entre si. È imposta uma dinâmica, a partir da lógica das ideias e dos principios, que contaminam,que interferem, modificam a organização social e a sua configuração.
    No caso do movimento gay, eles conseguiram esse objectivo: a instituição do casamento, apenas era permitida e destinada, a casais de sexos diferentes.
    Reflectindo ainda, se a argumentação que a este movimento serviu de princípio para obter a sua plena realização, poderá ser utilizada para objectivos idênticos de legitimação , eu digo que sim, ela não se pode modificar - porque lhes subjaz o mesmo princípio.Mas fico "arrepiada".
    Em minha opinião, abrimos uma caixa de pandora, quando expandimos o direito legítimo da opção sexual do indivíduo, aceitando incluí-lo na esfera das instituições vigentes na sociedade . Esta necessita agora de ser reconfigurada. Teremos instituído , a formação de famílias com ambos os membros do mesmo sexo, variável inexistente até aqui.
    Ainda a salientar, que a adopção, bem como o nascimento de crianças,no seio destas familias, (com origem nas técnicas da inovação científica da reprodução)é uma realidade para a qual nem todos despertaram.E é uma revolução organizacional, mas sobretudo de mentalidade do indivíduo a outros níveis, colocando em causa os princípios da condição humana e da sua criação.
    Falta concluír que, não são conhecidas as consequências, benéficas,maléficas, ou neutras, da vivência, crescimento e desenvolvimento destas crianças, neste modelo de sociedade familiar.
    Não há argumento, nem princípio lógico,que favoreça este direito. Porque interfere com terceiros que não podendo escolher, não podem decidir. Escolhem estes adultos, por eles, servindo os seus interesses individualistas, e egocentricos.
    O tema é apaixonante. É só uma introdução ao muito que haveria que debater. Não tenho poder de síntese. Pena ficar por aqui.
    Cumprimentos
    Alice Marques

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  4. Olá Alice
    Apresenta aqui uma reflexão suficientemente complexa para que eu possa analisar e comentar de repente. Há aqui perplexidades que me parecem fundamentais. Acho que preciso de um tempo.
    Obrigado.
    Nelson Carvalho

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