Duas Margens

BEM VINDO ÀS DUAS MARGENS

Espero que possamos partilhar a vontade de construir pontes e passagens, certos de que todas a pontes e passagens têm pelo menos 2 entradas e que todas as entradas são também saídas. Às vezes não importa tanto onde entramos e por onde saímos, mas o que no percurso fazemos juntos.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

sexo(a)(s)... e isso(a)(s)

Hoje recebi uma informação da Associação de Professores de Filosofia relativa a um encontro em Fevereiro. Tema: sexualidade(s). Assim: com o (s). A sinalizar sem margem para dúvida ou ambiguidade. (s).
É giro. A confissão sobre a necessidade expressa de afirmar o (s), o plural. Mas de onde vem esta necessidade? O que obriga a essa sinalização na linguagem? Afinal, como dizia já o velho Aristóteles, "o ser diz-se de muitas maneiras" e não passamos a vida a dizer o ser(s). Toda a gente sabe que sexualidade é (s). Como toda a gente sabe que, por exemplo, afecto é (s), amor é (s) sexo é (s), amizade é (s) e assim por diante e não passamos a vida a dizê-lo e dizemos simplesmente afecto, amor, sexo, amizade... e ainda bem.
A APF tem medo de ser processada por alguém que não se reconhece em sexualidade mas precisa do (s)?
Bem sei que língua é fascista, no sentido em que Barthes o afirmava e que está cheia de atalhos ínvios e enviesados. Mas precisamos de andar a armadilhar o tempo todo a linguagem que usamos, a espalhar sinais de trânsito, a introduzir dispositivos de metalinguaem que digam e digam o que queremos dizer e assim por diante e depois digam o contrário ou já ninguém saiba muito bem o que querem dizer ? Ou é uma necessidade de mostrar quão abertos e liberais somos? De exibir o quanto não temos preconceitos e isso...
Bolas! Sexualidade é sexualidade e diz-se de diferentes maneiras, como sempre disse, com (s) e sem (s). E não consta que os gregos tivéssem tido necessidade do (s) para coisa nenhuma!

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