Duas Margens

BEM VINDO ÀS DUAS MARGENS

Espero que possamos partilhar a vontade de construir pontes e passagens, certos de que todas a pontes e passagens têm pelo menos 2 entradas e que todas as entradas são também saídas. Às vezes não importa tanto onde entramos e por onde saímos, mas o que no percurso fazemos juntos.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

O PR FALOU... E DEPOIS?

Ouvi atentamente o Presidente da República, na sua mensagem de ano novo ao país.
Para lá de considerações mais ou menos ideológicas o Presidente teve um par de minutos centrais, onde colocou o que é para mim a questão política maior que desafia o país e a exigir aprofundamento e respostas claras.
Com grande clareza, Cavaco Silva enunciou o que entende ser o desafio para a nossa situação. Coloca aos partidos a exigência de uma negociação séria, a construção de entendimentos parlamentares sérios, a concertação política necessária para um plano credível que, a médio prazo, coloque o país numa trajectória de sustentabilidade.
Na actual conjuntura (crise global, crise económica e social, relação de forças parlamentares...) este é, para mim, o grande imperativo da política em Portugal e tenho escrito sobre isso. Tenho me referido a esta questão como a questão de construír um novo protocolo de debate político para a construção de um novo CONTRATO SOCIAL, que defina as invariáveis, as constantes da nossa equação para o desenvolvimento.
Ou o debate político só tem em vista o escavar das nossas diferenças e contradições?
Ou nós estamos sempre, sobre todas as coisas, em desacordo irremediável?
Ou não há áreas de política que possamos considerar centrais para o desenvolvimento?
Ou não há maneira de, nessas áreas, encontrar acordos que possamos estabelecer e contratualizar?
Acredito que o debate político pode ser um jogo "win-win". Em que o país ganhe.
Bem sei que há quem fique sempre de fora. Todos sabemos que há quem ache que o seu papel é ficar de fora e estar contra. Isso, todavia, não nos pode paralisar e impedir essa negociação, esse esforço de concertação, a construção desse entendimento para uma plano credível, para um contrato social orientador e mobilizador.
Cavaco Silva coloca a questão central. Por defeito. Acho que não é só uma questão para os partidos parlamentares. É também um imperativo para os sindicatos, as associações empresariais, as universidades,...
Aredito também que o PS e o Governo deviam liderar essa debate, lançá-lo como imperativo nacional, chamar e ele os outros partidos, os outros parceiros. Porque, sendo Governo, o PS não pode ficar prisioneiro da guerra de trincheiras e da escalada de acção-reacção em que parece ter-se transformado o Parlamento. Alguém tem que introduzir aí um alargamento de contexto que defina um quadro novo, uma racionalidade mais alargada em que entendimentos sejam possíveis.
Acredito que devia ter sido o PS e o Governo a fazê-lo. Devia ter-se adiantado e comandado a agenda política. Não o fez. Deve agora levar o aviso a sério.
Cavaco Silva fez o que tinha a fazer. Falou, liderou o alargamento do contexto, avisou.
E não há avisos grátis. Vai haver presidenciais. A situação pode agudizar-se.
Cavaco vai apresentar a factura.
Cavaco deu a volta e reposicionou-se. Por cima.

2 comentários:

  1. Salvé camarada Nelson Carvalho

    Com gosto recebi o conhecimento dete seu blog.

    A questão central que diz que o Presidente colocou não é de estranhar.

    Efectivamente é cada vez mais notório que a completa cegueira em que a nossa Direcção Nacional vive, só pode terminar em desgraça. A sua incapacidade para entender o novo status quo, advindo de uma minoria parlamentar, devia ter dado, logo a seguir às eleições, a um acordo para a Governação que garantisse uma maioria estável.

    As questões relacionadas com a estabilidade política, sem desaparecimento das divergências de opções perfeitamente naturais, entre Partidos distintos e também dentro dos Próprios Partidos são, quanto a mim, o Sal da Democracia.
    A opção do PS deveria ter sido: MAIORIA PARA GOVERNAR. Ao não o ter feito e ao invés ter escolhido os piores protagonistas possiveis para o fazê-lo no palco Parlamentar, onde precisamente seria necessário capacidade de negociação e não a "Lei da Retórica Maioritária", o PS optou pelo confronto que, inteligentemente, havia optado por não ter durante os meses que antecederam as eleições.

    E no quadro Parlamentar só há um agrupamento político que permitirá que o PS se afirme como Partido de Governação, de um País do 1ºMundo e não de uma democracia popular "à lá Chavez": o CDS/PP.

    É que hoje, na segunda década do Sec.XXI, ser de esquerda, não significa sermos cegos e parvos: a justiça social cumpre-se com desenvolvimento económico e não com políticas económicas suicidárias, como sejam as propaladas pelos Partidos à nossa esquerda.

    Com Sindicatos do Sec.XIX e Partidos do Sec.XX não se pode constuir a sociedade virtual do Sec.XXI, essa é que é essa.

    Um bom ano para o meu amigo
    Luis Ferreira
    http://vamosporaqui.blogspot.com

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  2. Olá, Luís. É bom encontrar-te por aqui. Passarei a seguir o teu blogue e a ler o que escreves. Bom trabalho e Bom Ano.
    Abraço

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